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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Quero Amigos (as)..




Na minha meninice minha mãe me disse: “Você não perde aquilo que é seu, a menos que você jogue fora.”. Naquele instante ela se referia à amizade. Eu estava chorosa porque uma coleguinha de infância tinha deixado de ser minha amiga. Minha mãe fazia questão de lembrar que aquela menina não era minha amiga, amigos jamais deixam de ser amigos, mesmo quando escorregamos no tomate. Depois, quando cresci mais, meu pai repetiu o surrado provérbio: “Dize-me com quem andas e te direi quem és”. Passados vários anos eu consigo avaliar se consegui obedecê-los. Sinto, porém, que preciso achar novos amigos.

Muitas vezes cheguei a ficar bem decepcionada com a palavra Amizade. Ganhei muitos arranhões nos joelhos nos desdéns, aprofundei as rugas do rosto com decepções e perdi muitos cabelos, ganhei outros fios brancos com traições. Mas, mesmo assim, reluto; não posso me cauterizar, mesmo amealhando decepções eu insisto em garimpar amigos. Sei que manter amigos verdadeiros não é fácil! Tenho arrancado muitas ervas daninha no caminho.

 Na verdade, eu sempre busquei vínculos leais.

Para ser meu amigo tem que me amar!  Amigo (a) que valoriza a lealdade... Sinceramente, não consigo lidar com amizades de conveniência. Preciso de amizades que não se intimidam com censuras, que não retrocedem diante do perigo e que não abandonam na hora do apedrejamento. Amigos que não desertam, mas que me corrigem e me fazem ser melhor a cada dia... Amigos que também não se sintam acuados e com medo de mim. Não creio em companheirismo carregado de suspeita. Grandes amigos são vulneráveis; conversam sem cautela; sentem-se livres para rasgar a alma e sabem que confidências e segredos nunca serão jogados no ventilador da indiscrição. Amigos preferem proteger os amigos a defender normas, estatutos e leis. Não estou pregando a rebeldia, sim o valor por gente mais do que a coisas.

Quero ser amiga de quem não se comporta como folha de papel que rasga com facilidade e que se dissolve quando a chuva das adversidades cai. Eu me conheço, sei que piso em calos. Agrido com meus silêncios quase eternos. Uso a introspecção para tecer comentários considerados ácidos. Quem ainda não os fez? Prefiro eu corrigir a deixar o estranho fazer, e isso, muitas vezes doí.  Preciso de amigos que tolerem as minhas hesitações e pecados, não sou um muro inatingível.  Quero amigos que sejam teimosos em me querer bem.

Quero ser amiga, não simples parceira de vocação. Não vou colocar o meu nome em conferências ou congressos que só me querem para divulgação. Recuso-me a reforçar eventos que engradecem pessoas ou instituições, mas não criam vínculos de carinho ou de cuidado. Não aguento abraços coreografados. Manifestações artificiais de coleguismo me enfadam. Tornou-se difícil para eu ver e ouvir pessoas dizendo "somos uma só família em Cristo" e depois vê-las alfinetando os "irmãos" com comentários venenosos. Verdadeiros amigos sabem que seus sentimentos são preciosos e como é valioso compartilhá-los. Temo pelos danos de uma Amizade superficial...  Causam danos bem maiores do que inimizades declaradas. Ando cautelosa com quem se arvora ser perfeito (a). Vez por outra preciso relaxar...  Rir do passado, sonhar maluquices para o futuro e conversar trivialidades.

Necessito de amigos que se deliciam em ouvir a mesma música duas vezes para perceber as sutilezas da poesia. Amigos que mesmo com nossas diferenças, birras e manias, são únicos e perfeitos para mim. Como é bom encontrar pessoas que gostam de partilhar pedaços do último livro lido. Vale contar com amigos que numa mesma conversa, elogiam ou espinafram políticos, e demais assuntos dentro do consenso que a liberdade permite. Amigos e amigas que gostem futebol... Não existe preço para riso ou lágrima que vem da poesia, da saudade, da dor e do amor.

Quero terminar meus dias e poder afirmar que, mesmo desacreditada das ideologias, dos sistemas econômicos e das instituições governamentais e mesmo as religiosas, jamais negligenciei a minha melhor fortuna: meus bons e velhos amigos. Contudo, ainda desejo encontrar cada vez mais amigos. Quero amigos parteiros e nunca amigos coveiros... Cuidado com estes!

(direitos reservados  a
Cleusa de Souza klein)

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